Falar sobre “sexo” é proibido professora?: problematizando entendimentos de sexualidade com crianças dos anos iniciais.

Autor: Lucilaine dos Santos Oliveira (Currículo Lattes)

Resumo

Nesta dissertação problematizo as narrativas de um grupo de crianças da 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola municipal da cidade do Rio Grande/RS sobre as questões de corpos, gêneros e sexualidades. O estudo fundamenta-se em teorizações que conceituam sexualidade como uma construção sócio-histórica e cultural que inscreve comportamentos, linguagens, valores, rituais, fantasias, representações mobilizadas ou postas em ação, através de práticas sociais, culturais, políticas e históricas, para expressar desejos e prazeres. Discuto que dentre as múltiplas possibilidades de práticas educativas na Educação Ambiental estão aquelas que visam problematizar a sexualidade enquanto dispositivo de constituição do sujeito. Sujeito esse que é parte integrante do meio ambiente e tem sua subjetividade produzida através de uma rede de relações e práticas culturais. Neste estudo, dialoguei com autores/as como: Felix Guatari, Michèle Sato, Isabel de Carvalho, Guacira Louro, Leni Dornelles Paula Ribeiro, Constantina Xavier Filha, Michel Foucault, Sônia Kramer, entre outros/as. Dentre as possibilidades metodológicas para o desenvolvimento deste estudo, optei pela investigação narrativa que é uma metodologia de investigação que estuda a forma como nós, seres humanos, experimentamos o mundo. Baseada na experiência, na qualidade de vida e de educação dos sujeitos da pesquisa, esse tipo de investigação é situada em uma abordagem qualitativa. Para a produção do material empírico foram planejadas estratégias que articulassem situações de aprendizagem no espaço da sala de aula e expressão de ideias, através de rodas de conversa, da escrita de diários, de desenhos, de dramatizações, de brincadeiras, dentre outras atividades. Ao narrar o processo de pesquisa produzi, no contexto desta dissertação, treze diários construídos no entrelaçamento de muitas vozes que discutem as temáticas: infâncias, corpos, gêneros, sexualidades, Educação para a Sexualidade e Educação Ambiental e procuram mostrar através das histórias apresentadas, possibilidades de pensar, tratar, se relacionar e aprender com as crianças, ao problematizar significados e representações produzidas pelas mesmas. Este estudo possibilitou-me entender que embora as crianças considerem importante o tratamento das questões que envolvem a sexualidade na escola, as mesmas reivindicam, também, no ambiente familiar, um espaço de abertura e diálogo que contemplem seus interesses, dúvidas, inquietações e curiosidades. A aprovação do trabalho de Educação para a Sexualidade na escola, bem como o entendimento de que esse é o ambiente mais indicado para que o mesmo ocorra, foi percebida nas narrativas produzidas pelas crianças e também pelas famílias, que demonstraram interesse e desejo de que esses temas sejam abordados na escola. A partir das análises feitas, foi possível entender que as crianças expressam a sexualidade através das brincadeiras, dos modos como se relacionam com seus pares, através das conversas, dos questionamentos, dos desenhos, das formas como dançam e dos modos de pensar e agir construídos no contato com diferentes instâncias como a família, a escola, as religiões e com diferentes pedagogias culturais como as músicas, os filmes, as novelas, os anúncios publicitários, os sites da internet, os programas de televisão e rádio, as revistas, dentre outros que produzem os corpos infantis e neles inscrevem marcas e identidades, posicionando-os nos múltiplos contextos sociais.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: SexualidadeEstudos de gêneroEducação sexualCriançasEscolasSéries iniciaisEducação ambientalCiências humanas