A formação em educação para o ecodesenvolvimento : um estudo de caso junto ao núcleo transdisciplinar de meio ambiente e desenvolvimento, período 2010-2013
Autor: Carolina Cavalcanti do Nascimento (Currículo Lattes)
Resumo
A presente pesquisa está inserida no âmbito da discussão acerca dos desafios educacionais frente à crise socioambiental e à luz do Pensamento ComplexoSistêmico. Mais especificamente, este estudo de caso foi guiado pelo enfoque de Educação para o Ecodesenvolvimento e propôs investigar como vem ocorrendo o processo de antroformação transdisciplinar (PINEAU, 2005) de integrantes do Núcleo Transdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento (NMD) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de 2010 a 2013. Além disso, foram identificadas as limitações e as potencialidades envolvidas neste processo, através da prática da metodologia de pesquisa-ação-formação. A pesquisa foi realizada junto aos membros do NMD que participaram da execução do Projeto Experimental de Educação para o Ecodesenvolvimento (Projeto EPE) na comunidade de Ibiraquera, município de Imbituba, região centro-sul da zona costeira de Santa Catarina. Os dados foram obtidos através de entrevista semiestruturada e aplicação do brasão projetivo. A partir da análise dos dados obtidos através da construção da explanação (YIN, 2005), constatou-se que o processo de antropoformação transdisciplinar deste coletivo está em estágio embrionário e que a heteroformação e a coformação vêm se destacando mais do que a autoformação e a ecoformação. Após a segunda análise, de cunho dialógico, foi possível identificar as seguintes limitações envolvidas no processo de formação deste coletivo: (i) a superação de conflitos inerentes a estratégias baseadas na aprendizagem coletiva; (ii) a disponibilidade de tempo para conciliar as atividades da pesquisa acadêmica individual, a vida pessoal, o emprego que possibilita o sustento e as atividades do grupo, incluindo as participações na comunidade; (iv) a incipiente participação dos membros nos vários espaços de aprendizagem coletiva; (v) a clareza do compromisso dos próprios integrantes do coletivo com a educação para o ecodesenvolvimento enquanto projeto de vida; (vi) a frágil esfera de autoconfiança e confiança entre envolvidos neste projeto de vida coletivo; e (vii) recurso financeiro suficiente para manter os integrantes do grupo envolvidos integralmente com um projeto que visa transformação social, cultural, política e econômica através da educação. Entre as potencialidades apontadas, estão: (i) o estímulo a uma nova visão de mundo, que permite compreender como os sistemas estão imbricados em sistemas; (ii) o estímulo a uma nova visão de educação, na qual o desenvolvimento humano seja percebido contextualmente e se realize integralmente; (iii) a possibilidade de socialização entre o conhecimento científico e o conhecimento tradicional, sem hierarquização e através do diálogo de saberes; e (iv) a abertura para unidiversidade humana (MORIN, 2000) a partir do convívio coletivo, numa esfera de comunidade de aprendizagem (SAUVÉ, 2001). Conclui-se que, para o estágio atual de formação do coletivo do NMD envolvido com a Educação para o Ecodesenvolvimento, é essencial o compromisso e a dedicação dos seus integrantes com a formação interna, com a comunidade e com as pesquisas inter e transdisciplinares, além da busca constante pela autonomia sustentável dos integrantes do coletivo e do próprio Projeto EPE.