Um estudo sobre o impacto das (des)conexões entre o ambiente escolar e o ambiente institucional na vida de crianças e adolescentes abrigados

Autor: Arlete da Costa (Currículo Lattes)

Resumo

O presente estudo foi desenvolvido na área de Educação Ambiental na cidade do Rio Grande e está fundamentado na Abordagem Ecológica de Desenvolvimento Humano de Urie Bronfenbrenner, cujo foco está nas múltiplas e recíprocas influências – diretas e indiretas – dos processos, das pessoas, dos contextos e do tempo no desenvolvimento dos indivíduos. Este trabalho buscou compreender e analisar as formas de interação entre dois dos principais contextos de desenvolvimento de crianças que, por alguma razão são temporariamente afastadas de seus laços parentais e encaminhadas para instituições. Considerando que a escola e o abrigo representam os microssistemas de maior importância na vida de crianças-em-desenvolvimento à distãncia de seus contextos de origem, o trabalho teve como objetivo principal estudar a relação mesossistêmica, a saber, escola-instituição. As estratégias metodológicas foram norteadas pela realização de entrevistas associadas aos procedimentos da “inserção ecológica”. Estas metodologias possibilitam ao pesquisador a imersão contextual necessária para análise das relações/interações entre as pessoas e entre elas e seus ambientes de desenvolvimento. De acordo com a ecologia do desenvolvimento humano, a análise destas facetas do desenvolvimento humano só é possível quando se emprega um modelo teórico metodológico que permita a compreensão de elementos bioecológicos. Os resultados indicaram que os profissionais dos dois microssistemas apresentam concepções de crianças “carentes” afetivamente e noções da importância da garantia do direito da criança ao convívio familiar, bem como a consciência da ausência de ações políticas de educação, re-organização e emancipação familiar. Prevalecem nos dois ambientes o pessimismo e as incertezas em relação ao futuro dessas crianças e adolescentes abrigados. É notório o despreparo dos atendentes do abrigo e dos professores para atender crianças e adolescentes com história de institucionalização. As duas categorias de trabalhadores priorizam o atendimento coletivo, a padronização de práticas relacionais e a desconsideração de necessidades individuais das crianças. Em relação à escola, observa-se a indiferença nas ações pedagógicas dos professores no que diz respeito à situação de vitimização social em que se encontram estas crianças. A desconexão entre a escola e o abrigo se traduz mais fortemente pela ausência de contato entre os profissionais e pela falta de parceria na eleição dos cuidados dirigidos às crianças. Faz-se urgente o trabalho em rede com vistas à fluidez nas esferas de comunicação e estabelecimento de pontos de ligação entre dois ambientes institucionais que podem conduzir de maneira saudável o desenvolvimento e a educação de crianças e adolescentes em situação de abrigagem.

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