Juventude com HIV/Aids: rostos velados; vozes a serem ouvidas.

Autor: Maria Estela Barbosa da Rocha (Currículo Lattes)

Resumo

A presente dissertação foi escrita para o Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental, na linha de pesquisa Educação Ambiental: Ensino e Formação de Educadores (as) com o objetivo de examinar a rede de discursos que a juventude com HIV/Aids está imersa, tais como: da religião, da morte, da família, da sexualidade, da saúde, da escola, dos amigos, da medicina. Procurei conhecer as narrativas desses jovens bem como de outros colaboradores dessa pesquisa sobre a presença desses indivíduos em alguns segmentos da sociedade. Para alcançar este objetivo, dois jovens – uma menina de 14 anos (Pandora) e um menino de 13 anos (Gabriel) foram convidados a participar da pesquisa juntamente com seus responsáveis. Sobre Pandora, as narrativas a propósito do corpo “aidético” se destacam em suas últimas vivências fora do ambiente familiar. Desvelada, sofre preconceito velado que associado a outras vivências dolorosas decide não mais tomar seus remédios, que lhe são vitais; sendo assim, a jovem falece em abril de 2006. O jovem mantém-se velado e sofre o medo de ser descoberto como portador do vírus – em ambos os casos verificamos o poder disciplinar, a vigilância, a mídia e as biopolíticas a construir discursos que norteiam suas vidas e seus corpos. Outros colaboradores auxiliaram nesta pesquisa, como a responsável de um colega de aula de Pandora, o médico que cuidou de ambos os jovens desde seus primeiros meses de vida e as educadoras da escola de Pandora. Utilizei como principal instrumento de pesquisa anotações realizadas no diário de campo e que, logo após, tornaram-se relatórios. Estas anotações feitas com os jovens foram narrativas de suas vivências na escola, com a família, sexualidade e religião. Com os responsáveis desses jovens – médico aidologista e educadoras – realizei entrevista não-estruturada. Este estudo tem como teóricos os filósofos Michel Foucault e Friedrich Nietzsche, embora não sejam somente estes autores que proporcionaram uma reflexão sobre este tema tão polêmico e desafiador; então, cito outros autores que colaboraram de forma significativa para esta dissertação, entre eles Ribeiro, Souza, Santos, Larrosa, Tiburi, Keirl, Veiga-Neto, Fonseca, Galvão, Parker, Galiazzi e outros. Através das narrativas dos jovens realizadas por meio das entrevistas com os colaboradores, foi possível realizar este trabalho, ou seja, vivenciando os temores que as vítimas do HIV/Aids têm da construção social do “corpo perigoso” e o quanto estes discursos influenciam na decisão de viver ou morrer. Na Educação Ambiental, este tema se mostra significativo para todos os segmentos da sociedade, porque é no ambiente social que estes indivíduos querem exercer sua cidadania e obter respeito às suas vidas.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: BiopolíticasSexoEducaçãoSexualidadeCorpo humanoPreconceitoHIVSíndrome de imunodeficiência adquiridaEducação ambientalAdolescentesJovens