Um estudo sobre música e qualidade de vida na terceira idade, com base em princípios da Educação Ambiental
Autor: Sônia André Cava de Oliveira (Currículo Lattes)
Resumo
A presente tese, a partir de princípios estabelecidos pela Educação Ambiental, está vinculada ao campo socioambiental e teve como finalidade investigar os benefícios que o canto em grupo pode trazer aos idosos na busca por uma melhor qualidade de vida. Nessa perspectiva, a investigação realizada partiu de hipótese substantiva que pressupunha que o canto em conjunto, num grupo de terceira idade, poderia tornar-se opção viável não só para atividades de cultura e lazer, mas também para a conscientização acerca dos problemas socioambientais da atualidade e, nessa medida, um caminho possível para sua superação. A questão norteadora da pesquisa foi formulada nos seguintes termos: como a música, articulada aos princípios da Educação Ambiental, em especial através das práticas musicais desenvolvidas no grupo vocal, pode colaborar para uma busca ecológica por qualidade de vida na terceira idade? O interesse pelo tema desta pesquisa nasceu de minha experiência com música e terceira idade desenvolvida em trabalhos de extensão e pesquisa na Universidade Federal de Pelotas desde 1994. Nos últimos anos, o crescimento do número de idosos em nossa sociedade tem suscitado grandes discussões e mostrado a necessidade de mais estudo e preparo de todos nós, cidadãos, para lidar com essa situação que, a despeito de sua importância, pouco tem sido contemplada com ações no sentido de manter os integrantes da terceira idade socialmente ativos. Nesse sentido, é necessário que se tomem medidas que favoreçam a inserção ou reinserção dos idosos em um convívio efetivo em sociedade, problema que é enfrentado na presente tese. Estuda-se aqui a música, em especial o canto em grupo, visando a proporcionar momentos de percepção, reflexão, entretenimento, diversão, prazer, e a possibilidade de essa atividade constituir-se em elemento fundamental para a educação ambiental. A pesquisa foi realizada com um grupo de onze coralistas, participantes da Associação dos Diabéticos de Pelotas, alicerçada pela Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner, e a pesquisa-ação, com objetivo de verificar a proposta acima suscitada. Utilizaram-se como instrumentos para coleta de dados: entrevistas semiestruturadas, questionários, fotos, gravação em vídeo e áudio, diário de campo. No referencial teórico, apresentam-se primeiramente considerações sobre sons e música; sobre terceira idade e, por fim, sobre conceitos da educação ambiental, educação estética e educação eco-musical que fundamentaram o estudo. Num segundo momento abordam-se os métodos investigativos aplicados e os direcionamentos para efetivar a coleta de dados. Posteriormente, na terceira etapa, foi realizada a análise dos dados. Dos resultados obtidos, podem-se verificar os efeitos na autoestima e na valorização dos idosos que participaram do grupo vocal. Constatou-se a melhoria da qualidade de vida, através do desenvolvimento das potencialidades desses idosos, do melhor relacionamento interpessoal, da participação nas atividades eco-musicais, demonstrados através do afeto, alegria, entusiasmo, engajamento e reflexão. Para o fechamento foram indicados pontos de reflexão e propostas de ação por meio das considerações finais.