Sensibilização ambiental através da tecelagem com miçanga: uma experiência intercultural critica
Autor: Lissette Eliana Torres Arevalo (Currículo Lattes)
Resumo
Nesta investigação argumenta-se que, a elaboração de artesanato com miçanga, principalmente de origem indígena, pode ser considerada como uma prática de sensibilização ambiental que, permite, entre outras coisas, corazonar a ciência e pensar a interculturalidade a partir de uma perspectiva crítica. Através de entrevistas semiestruturadas, com nove mulheres artesãs do povo Saraguro do sul do Equador, foram gerados e analisados dados, utilizando a Teoria Fundamentada (CHARMAZ, 2009), em diálogo com a minha experiência como artesã mestiça e estudante de doutorado. Foi escrita na primeira pessoa a fim de enunciar cada palavra, desde todos os fios que me atravessam e me constituem, no entanto, como será evidente, a trama não foi tecida em solidão. Cada resultado, escrito sob a forma de artigo, comunica preocupações e indignações. Desta forma, pude expor a importância da utilização da narrativa, no meu processo formativo, como investigadora e educadora ambiental. Tornei visível e politizei a inferiorização, a sexualização e a racialização que estão presentes tanto na fabricação como na comercialização deste tipo de artesanato. Refleti sobre as várias formas de colonização que perpassam essa atividade, desde a desvalorização da miçanga como material, até à negação de que o afeto faz parte do conhecimento. Tudo isto, tendo em consideração que, o gesto humano de tecer com miçanga pode ser entendido como um processo proximal, formativo e ambiental. A construção destas ligações também foi possível graças a várias contribuições teóricas, incluindo a Educação Estético-Ambiental (ESTÉVEZ-ÁLVAREZ, 2017; DOLCI, 2014), a Abordagem Bioecológica do Desenvolvimento Humano (BRONFENBRENNER, 2011), o Corazonar (GUERRERO-ARIAS, 2009, 2010 e 2018) e a Interculturalidade Crítica (WALSH, 2009). Como contribuição final e, com base na minha linha de investigação Educação Ambiental: Ensino e Formação de Educadores(as); partilhei a metodologia ensartando afectos, criada, sentida e proposta, a partir da necessidade de viver a ciência baseada no afeto e na ancestralidade.