Formação continuada, educação ambiental e educação integral em uma escola de tempo integral do Rio Grande - RS
Autor: Juliane de Oliveira Alves Silveira (Currículo Lattes)
Resumo
Este trabalho investiga os processos de formação continuada em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental da cidade do Rio Grande - RS. O objetivo deste estudo, que tem suas bases na perspectiva qualitativa e configura-se como um estudo de caso, consiste em analisar a formação continuada como potencializadora da Educação Integral e da Educação Ambiental Crítica. Para tanto, o percurso metodológico constituiu-se de três fases. Na primeira, realizou-se o contato com a direção da escola municipal solicitando a autorização para a realização da pesquisa. Na segunda fase ocorreu a produção dos dados, com a presença da pesquisadora na escola, quando foram utilizados, para a produção de dados, instrumentos como observações, registro em diário de campo, gravações em áudio e entrevistas. E na terceira fase, utilizou-se a técnica da Análise de Conteúdo para proceder à análise dos dados. O referencial teórico que dá suporte a este estudo abarca as seguintes áreas do conhecimento: Educação Integral, Educação Ambiental (na perspectiva crítica) e Formação de professores. Contemplou-se também o espaço onde ocorre a formação continuada. Para isso, abordaram-se aspectos da constituição da escola, bem como sua proposta pedagógica. Os resultados da análise, cujos dados foram obtidos com a participação de vinte e três sujeitos - professores e gestores - revelaram a emergência de três categorias, a saber: Educação Integral; Roteiros Temáticos; e Formação continuada. Os resultados demonstraram que os professores e gestores reconhecem o espaço formativo na escola como um diferencial no seu desenvolvimento profissional e pessoal, que oportuniza diálogos e reflexões coletivas. Contudo, a maioria dos professores expressou que os encontros formativos não atenderam diretamente suas necessidades e interesses, e que não participaram do seu planejamento. Os gestores revelaram que suas expectativas não foram atingidas, no tocante à implementação da metodologia dos roteiros temáticos que fazem parte da proposta pedagógica da escola. As experiências da Educação Integral em tempo integral romperam com a cultura do isolamento, contribuindo nas relações entre professores e entre professores e estudantes e motivaram questionamentos acerca do tempo, da inovação e das questões sociais e ambientais. Os docentes e gestores demostraram interesse em constituir uma educação integral que valorize as dimensões sociais, emocionais, físicas, intelectuais, a curiosidade e os interesses das crianças e jovens em detrimento de aspectos de um ensino mecanicista, reducionista e enfadonho. A Educação Ambiental Crítica foi evidenciada nas questões sociais e ambientais das condições concretas vividas dentro e fora da instituição, demarcando posicionamento crítico em não realizar atividades ambientais pontuais, já que ela está presente de modo integrado e complexo nos documentos e na vida cotidiana da escola, nos seus modos de fazer e de saber. A escola integral busca valorizar o diálogo, a criticidade, a participação e a cidadania, aspectos pertinentes também à Educação Ambiental. A conclusão do estudo aponta que a formação continuada pode potencializar o desenvolvimento da Educação Ambiental Crítica e da Educação Integral.