Dissertação - Leila Salles da Costa

Mulheres, Educação Ambiental e as lutas por justiça ambiental na Baixada Fluminense (RJ)

Autor: Leila Salles da Costa (Currículo Lattes)

Resumo

O município de Duque de Caxias é marcado por injustiças ambientais que decorrem da maneira como as sociedades capitalistas "destinam a maior parte dos danos ambientais do desenvolvimento às populações de baixa renda, aos grupos raciais discriminados, às populações marginalizadas e vulneráveis" (REDE BRASILEIRA DE JUSTIÇA AMBIENTAL, 2001, p.01). Dessa forma, a indústria de petróleo através da Refinaria de Duque de Caxias (REDUC) que, sob a égide da obtenção de lucros, alija dos seus benefícios a classe trabalhadora e as populações das cercanias da Baía de Guanabara, jogando sobre os moradores da região os impactos negativos de suas atividades produtivas, bem como a contaminação dos mananciais. Por isso. o tema da nossa pesquisa é Mulheres, Educação Ambiental e as lutas por justiça ambiental na Baixada Fluminense (RJ). Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa é contribuir com a organização e formação política junto às mulheres do GT- Mulheres do Fórum dos Atingidos pela indústria do petróleo e Petroquímica nas cercanias da Baía de Guanabara - FAPP-BG, a partir da pesquisa realizada com elas. Essa dissertação constitui-se como uma contribuição à organização e preparação da promoção de debates sobre o enfrentamento político aos impactos negativos gerados pela REDUC, relacionados à temática de contaminação das águas e da educação ambiental que promovem. Nessa perspectiva, a pesquisa foi pensada e realizada nos bairros de Campos Elíseos, Parque Paulista e Parque Colonial, onde as mulheres do GT-Mulheres do Fórum dos Atingidos pela indústria do petróleo e petroquímica das cercanias da Baía de Guanabara - FAPP-BG residem e atuam na perspectiva da Educação Ambiental Crítica e Emancipatória. Para a realização desse trabalho, a metodologia utilizada foi baseada na pesquisa-ação, valendo-se de metodologias qualitativas como levantamentos bibliográficos, oficinas de cunho formativo, entrevistas com mulheres residentes nos bairros pesquisados, dados coletados e apontados no caderno de campo, pesquisas documentais no sítio eletrônico, no Relatório de Sustentabilidade e no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC-REDUC). Com isso, apresentamos o discurso da Petrobras disponibilizado no site e, também, em outros documentos, averiguando como a empresa afirma estar preocupada com a sustentabilidade, com o meio ambiente e com os riscos de suas atividades, identificando, ainda, as contradições entre o dito da REDUC/Petrobras com as consequências geradoras dos impactos relatados por parte das mulheres do GT-Mulheres do FAPP-BG, a partir das suas próprias falas ao participarem desta pesquisa-ação. Para referendar esta pesquisa, trabalhei com as perspectivas teóricas da Justiça Ambiental e Desigualdade Ambiental, a partir da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, dos Conflitos Ambientais, da Educação Ambiental Crítica e Emancipatória e, ainda, me apoiando na abordagem crítica feminista do ponto de vista das mulheres que moram em periferias urbanas. Por fim, colocamos em confronto as falas/discursos da REDUC sobre a questão ambiental e de suas ações e atividades de Educação Ambiental com o discurso das mulheres do GT-Mulheres do FAPP-BG, a partir da apresentação dos relatos antagônicos destas mulheres, que realizam atividades através de práticas pedagógicas à luz da educação ambiental para a justiça.

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Palavras-chave: Educação ambientalMulheresInjustiça ambientalConflitos ambientaisRefinaria Duque de Caxias