Dissertação - Luana Santos da Silva

A infância dos "pequenos indígenas" Mbyá-Guarani da tekoá Pindó Mirim: os entrecruzamentos com a natureza e o protagonismo nos processos educativos

Autor: Luana Santos da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

A pesquisa com a infância indígena precisa considerar a sua interpretação sobre a natureza, o seu contexto, seus arranjos sociais e culturais naquele determinado espaço e tempo, buscando compreender como os "pequenos indígenas" se apropriam e transformam essas dimensões sociais, criando suas geografias infantis. O presente estudo apresenta uma abordagem acerca da infância indígena mbyá-guarani, com foco nas interações sociais e práticas educativas desses sujeitos. São investigadas as interconexões entre lugar, cultura e ambiente, na perspectiva da Sociologia da Infância, da Antropologia da Criança e das questões que permeiam a Educação Ambiental. Alguns dos referenciais bibliográficos que deram corpo à dissertação foram: Corsaro (2011), Sato (1997, 2005), Bergamaschi (2007, 2008, 2010), Cohn (2005, 2013) e Grün (1996, 2008). Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou a cartografia como método de pesquisa-intervenção e apresenta como objetivo compreender as interações entre infância e ambiente na comunidade indígena mbyá-guarani, identificando-se as contribuições deste estudo para o campo da Educação Ambiental e para a formação de educadores. Os protagonistas dessa pesquisa foram os "pequenos indígenas" mbyá-guarani da aldeia Pindó Mirim, localizada em Itapuã/RS. Para a coleta de dados, utilizou-se o diário de campo e o registro fotográfico da pesquisadora e dos "pequenos indígenas". A análise de dados foi realizada através de inspiração na metodologia da Análise Textual Discursiva. São apresentadas as aproximações com os sujeitos da pesquisa e a constituição da pesquisadora em Educação Ambiental. As principais categorias que emergiram do estudo foram os entrecruzamentos da infância indígena mbyá-guarani com a natureza, as interações de cuidado entre pares e o processo educativo e lúdico no cotidiano das crianças indígenas da tekoá Pindó Mirim. Os resultados da pesquisa mostraram que foi fundamental para a pesquisadora escutar as vozes das crianças e suas formas de ser e estar no mundo, e que os indígenas da tekoá Pindó Mirim são natureza na concepção da não dualidade. Para os Mbyá-Guarani dessa comunidade, o cuidado tem relação direta com o corpo e ocorre na comunidade como um todo, inclusive na relação entre pares. O processo educativo permeia todo o contexto do cotidiano da aldeia e a autonomia das crianças indígenas foi evidente nesse processo. O processo lúdico apresentou relação direta com a sazonalidade, com o corpo e com o brincar, aspectos evidentes no cotidiano dos "pequenos indígenas". O ambiente e a cultura fazem parte do processo da constituição do ser indígena. A partir dos resultados, pode-se concluir que as crianças indígenas da tekoá Pindó Mirim são atores sociais plenos, que têm autonomia e responsabilidades para com a aldeia e cujas aprendizagens ocorrem no cotidiano da mesma. Essas experiências de educação e cuidado podem apresentar importantes contribuições para o campo da formação dos educadores ambientais.

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Palavras-chave: Educação ambientalComunidade indígenaAspectos sociaisPráticas educativasFormação de professores