A auriculoterapia como um instrumento de racionalidade ambiental na resolutividade da dor de usuários da Atenção Primária à Saúde
Autor: Carliuza Oriente Luna (Currículo Lattes)
Resumo
Este estudo transversal analisou a aplicação e os efeitos da auriculoterapia nos sinais e sintomas da dor de origem ergonômica e emocional em usuários atendidos em uma unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF) do extremo sul do Brasil. Para tanto participaram da pesquisa 30 usuários que já se encontravam ou que iniciaram o processo de tratamento com a referida técnica, tendo como queixa principal os sintomas álgicos. Os mesmos foram avaliados quanto à dinâmica, localização e percepção da dor mediante o uso da "Escala Visual Analítica" (EVA) e do "Questionário da dor McGill", além da utilização da anamnese com base nos preceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Foram realizaras oito sessões de auriculoterapia, e ao término do processo terapêutico os usuários participaram de uma entrevista contendo questões orientadoras que avaliaram a percepção destes quanto à aplicação da terapêutica, a evolução das suas queixas e o seu contexto socioambiental. Os referidos dados foram analisados de forma mista, sendo as variáveis quantitativas descritas por média e desvio-padrão ou mediana e amplitude interquartílica e as variáveis categóricas, por frequências absolutas e relativas, avaliadas mediante o uso do programa SPSS 21. Para a análise bivariada foram utilizados os testes de Friedman, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. E para a etapa qualitativa as entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo de Bardin com o uso do programa NVIVO. Inicialmente, observamos que a queixa principal para a procura do atendimento deu-se por condições de origem psicológica (53,3%), seguida pela sintomatologia musculoesquelética (40%), apresentando um uso significativo de cinco ou mais medicações (20%), com destaque para os ansiolíticos (50%). O estudo envolveu pessoas com um padrão de preocupação (90%) e de deficiência de Yin (56,7%), melhorando dos seus processos álgicos ao longo das consultas e resolução ao término das oito sessões de tratamento. Todos os usuários apresentaram ao exame físico alguma alteração do pavilhão auricular pertinente as queixas ou padrões sintomáticos demonstrados. Além disso, pelos relatos feitos mediante a entrevista, os sujeitos deste estudo perceberam não só a harmonização energética de sua queixa principal, mas também de outros aspectos, envolvendo sintomas psicológicos e álgicos associados, melhoria nas relações pessoais com seus familiares, vizinhos e demais indivíduos e maior interação com os profissionais da unidade de saúde inclusa na pesquisa. Desta forma, conclui-se que a auriculoterapia é uma racionalidade pertinente e resolutiva para os processos de adoecimento físico e psicológico de diferentes naturezas, principalmente, por caracterizar-se por uma prática que age integralmente no restabelecimento energético do ser humano. Mas também por possuir um olhar holístico, que em conformidade com a MTC, potencializa-se por uma abordagem dialógica de leitura constante do ambiente que circunda os sujeitos, contextualizando-o e dispondo novas formas de ler seu entorno e suas ações. Facilitando, através dos princípios da Educação Ambiental acrescidos na interação profissional-usuário, a formação de um sujeito que se torna apito a ler seu ambiente, mas também interpreta as suas relações, seus conflitos e seus problemas para o alcance da harmonização pessoal integral.