Tese - Walter Nunes Oleiro

A educação ambiental no ensino da contabilidade nos cursos de Ciências Contábeis de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul

Autor: Walter Nunes Oleiro (Currículo Lattes)

Resumo

A Educação Ambiental, em sua vertente crítica, tem raízes nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação, opondo-se a uma compreensão de mundo que, hegemonicamente, constitui a sociedade contemporânea. Nesse contexto, a Contabilidade Ambiental, componente curricular dos cursos de Ciências Contábeis, trata das questões relativas à interação de empresas e meio ambiente. A epistemologia que vem conduzindo os saberes da literatura que orienta esta disciplina carrega uma forte vinculação com a riqueza acumulada pelos detentores dos meios de produção em exploração dos recursos naturais e da mão-de-obra humana. Esta pesquisa circunscreve-se nessas complexas questões as quais reverberam na formação do contador. No método conceitual e filosófico do materialismo histórico e dialético, sedimentou-se a base teórica que orientou esta pesquisa na realização do objetivo de problematizar as concepções da Educação Ambiental presentes (ou não) em disciplinas dos cursos de Ciências Contábeis das Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul. A Análise Textual Discursiva, metodologia proposta por Moraes e Galiazzi, foi determinante para realizar o processo de análise, o qual possibilitou dar-se um novo significado para o corpus produzido nas entrevistas com os docentes colaboradores da pesquisa. Os metatextos construídos a partir do diálogo do campo empírico com o campo teórico que incluiu, entre outros, autores como Carvalho, Gray, Guimarães, e Sauvé, sintetizam o movimento de desconstrução e (re)construção das narrativas, em um processo de aprender e de comunicar. As categorias: Educação Ambiental - da consciência crítica à sensibilização para uma prática transformadora; o currículo dos cursos de ciências contábeis: lacunas que dificultam a compreensão dos fenômenos socioambientais e que reverberam na formação do contador; sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: compreensões reducionistas da educação ambiental que distorcem as questões fundamentais da relação do ser humano e o meio ambiente, que emergem da análise, apontam para o fato de que a educação contábil ambiental carece de uma fundamentação teórica de Educação Ambiental, revelando-se atrelada aos (des)conceitos de sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, portanto, distante da perspectiva crítica. Da mesma forma, o currículo emerge, na análise, corroborando o desafio de incorporar em sua proposta educativa mudanças necessárias às compreensões da educação ambiental crítica. As discussões contidas nos metatextos sinalizam que o egresso dos cursos de Ciências Contábeis está desprovido, em sua formação acadêmica inicial, das concepções da Educação Ambiental Crítica. Os argumentos construídos no processo de pesquisa possibilitam a defesa da tese de que a atividade profissional do contador com responsabilidade socioambiental implica em uma formação que contemple compreensões da Educação Ambiental numa perspectiva crítica. Torna-se imperativo que para atuar de forma ética, consciente do papel que o cidadão, como indivíduo no mundo e o contador, em sua atuação profissional, transgrida os limites estabelecidos pelo discurso altamente contestável da sustentabilidade que recompensa, para o prestar conta do verdadeiro patrimônio da humanidade - a natureza. Para isso, os postulados da Educação Ambiental Critica apressam-se a indicar caminhos nos quais a consciência social, em sendo crítica, emancipatória e libertadora, enseja a transformação da sociedade.

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Palavras-chave: Educação ambientalContabilidade ambientalEnsino superior