Tese - Samara Pereira Oliboni

Programa Mais Educação como proposta de intervenção para enfrentamento do bullying escolar : contribuições à educação ambiental.

Autor: Samara Pereira Oliboni (Currículo Lattes)

Resumo

O bullying é um problema sério de relacionamento entre estudantes que recentemente começou a ser investigado no Brasil, em que raros são os programas de intervenção para esse tipo de violência. Em 2007, o Governo Federal criou o Programa Mais Educação (PME), o qual tem por objetivo promover a educação integral dos alunos nas escolas através de atividades socioeducativas em articulação com a comunidade, escola e família. Devido à estruturação do PME, e mediante utilização de referencial filosófico de Felix Guattari, foi defendida a tese de que as escolas que participam do PME possuem estratégias que contribuem para o enfretamento do bullying e, por isso, possuem menos casos deste tipo de violência em relação às escolas que não participam do programa. Teve-se como objetivo geral do estudo: avaliar os benefícios do PME para a prevalência do bullying escolar; e como objetivos específicos: verificar a prevalência e os tipos de bullying entre estudantes do Ensino Fundamental; investigar diferentes elementos associados ao bullying e avaliar a contribuição do PME na redução do bullying escolar; e analisar teoricamente o PME como uma possível estratégia micropolítica e microssocial de educação ambiental na contribuição para o enfrentamento da violência escolar, a partir do enfoque teórico de Guattari. A pesquisa de caráter exploratória seguiu metodologia quantitativa quase-experimental. Participaram do estudo 406 alunos matriculados entre o 5º e o 9º ano do Ensino Fundamental de sete escolas públicas municipais de uma cidade da região do sul do Brasil, divididas em dois grupos: intervenção (G-PME) e controle (G-C). O G-PME formado por quatro escolas que possuem o PME contou com 209 participantes. O G-C foi constituído por três escolas que não possuem o referido programa e teve a participação de 197 alunos. A coleta dos dados ocorreu, em 2014, mediante aplicação de um questionário construído, submetido à avaliação de especialistas e validado através de testes estatísticos, como a análise fatorial e alfa de Cronbach. Os dados foram analisados com o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 22.0, e submetidos a análises descritivas, análise de variância (ANOVA), Qui-quadrado e ao Teste t de Student. Os resultados evidenciaram elevada prevalência de alunos envolvidos com o bullying, sendo estatisticamente significativa a maior ocorrência entre meninas, destacando-se a sala de aula e o recreio como os locais de maior prevalência. Em se tratando do PME, os resultados demonstraram a existência de diferenças estatisticamente significativas entre as escolas do G-C e do G-PME, revelando que o PME pode intervir em situações de bullying reduzindo o número de vítimas. Entre os tipos de bullying, verificou-se que o G-PME teve reduzida a maioria dos padrões de comportamento agressivo, com resultados estatisticamente significativos para "incomodação", no caso das vítimas e "forçou a fazer coisas que não queria", no caso do agressor. Os resultados revelaram, ainda, que no G-PME a satisfação dos alunos com a escola e a percepção da atuação da escola é estatisticamente significativa, sendo maior do que a das escolas do G-C; assim como a frequência de situações de bullying (vítima) é estatisticamente significativa, sendo menor nas escolas do G-PME. Por fim, pode-se comprovar que o PME atua como uma estratégia micropolítica e microssocial que pode contribuir com a educação ambiental para o enfrentamento da violência escolar e bullying.

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Palavras-chave: BullyingEducação ambientalViolência escolarPrograma Mais Educação