Tese - Aline Cristina Calcada de Oliveira

Educação ambiental, toque terapêutico e esquizoanálise : um cuidado anti-atrogênico na enfermagem hospitalar

Autor: Aline Cristina Calcada de Oliveira (Currículo Lattes)

Resumo

Trata-se de uma tese de doutorado junto ao Programa de Pós- Graduação em Educação Ambiental, na Universidade Federal do Rio Grande, vinculada a linha de Pesquisa Educação Ambiental Não- Formal. Teve como objetivo geral buscar maneiras de minimizar a iatrogenia hospitalar nas práticas da enfermagem através da Esquizoanálise e do Toque Terapêutico. Formularam-se três hipóteses, cada uma com sua respectiva microintervenção, as quais foram epistemologicamente ancoradas na Esquizoanálise e na técnica de imposição de mãos denominada Toque Terapêutico, método Krieger- Kunz, embasando-se em experimentações socioambientais. São elas: 1-A construção de um espaço ecosófico poder ajudar a superar a iatrogenia; 2- O Hospital enquanto ambiente pedagógico pode propiciar a formação de um novo olhar e 3- O Hospital enquanto espaço clínico pode ir além da patologia, valorizando o ser humano de forma integral. Para tanto, utilizou-se da cartografia, método formulado por Deleuze e Guattari, o qual visou acompanhar um processo de produção no campo da subjetividade. Dentro do contexto da Esquizoanálise, ela permitiu a formação de rizomas, caracterizando-se como uma pesquisa experimentação. Esse processo de produção baseiou-se na atenção cartográfica, a qual é formada por pistas que têm em vista descrever, discutir e, sobretudo, coletivizar a experiência da pesquisadora. A pista tomada nesse trabalho diz respeito ao funcionamento da atenção durante o trabalho de campo, a qual foi definida como concentrada e aberta, caracterizando-se por quatro variedades: o rastreio, o toque, o pouso e o reconhecimento atento. As experimentações aconteceram de forma itinerante, em diferentes ambientes. Ora junto à mata atlântica, ora no espaço acadêmico e hospitalar de um Hospital Universitário do Sul do Estado. Algumas experimentações envolveram um grupo de doutorandos constituído por três pesquisadores do Programa de Pós- Graduação em Educação Ambiental, denominado de comunidade pesquisadora. Outras buscaram uma experimentação direta com os profissionais e alunos que participaram da 35ª Semana Riograndina de Enfermagem, bem como com duas pessoas hospitalizadas numa unidade de clínica médica. Na primeira microintervenção ficou claro que a iatrogenia também é fruto do próprio comportamento dos profissionais de saúde e por isso o que precisa ser revisto são as relações de poder dentro da instituição. A partir da segunda e terceira microintervenções infere-se que o hospital, enquanto ambiente pedagógico e clínico pode ser um espaço de clinamen e tem um potencial transformador a ser percebido e valorizado para a aprendizagem mútua. As práticas de ensino precisam vencer o paradigma cartesiano e aproximarem-se de uma percepção ambiental, a qual se aplicada ao cotidiano, oportuniza a construção de novos conhecimentos e maneiras de entender o cuidar através de uma escuta sensível. Após as vivências foi possível pensar nas minhas próprias atitudes e comportamentos iatrogênicos e ressignificá-los sob forma de reverberações, as quais trataram a Educação Ambiental como fluxo inerente da vida e espaço para formação de novos rizomas.

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Palavras-chave: Educação ambientalIatrogeniaEsquizoanáliseToque terapêuticoCuidados de enfermagem