Dissertação - Janaina Amorim Noguez

A libertação da alma sonhadora: experiências de Educação Ambiental vivenciadas com detentas da Penitenciária Estadual de Rio Grande

Autor: Janaina Amorim Noguez (Currículo Lattes)

Resumo

Como mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental, da Fundação Universidade Federal de Rio Grande, inserida na linha de pesquisa Educação Ambiental Não Formal, propus-me a um desafio neste momento da minha vida: fazer mestrado. Além disso, desafio maior foi realizar a minha pesquisa, a qual teve como objetivo principal investigar inicialmente os sonhos dos presidiários(as) da Penitenciária Estadual de Rio Grande – PERG. Os sonhos, nesta dissertação, são referenciados como imagens oníricas, ou seja, imagens de felicidade, alegria, liberdade, esperança, expectativas de vida dos participantes da pesquisa. Não se referem aos sonhos adormecidos, da noite, e sim aos sonhos diurnos, despertos, nos quais os sujeitos são protagonistas e constroem suas imagens conforme seus desejos, sentimentos e emoções. Ainda, como objetivos secundários, reflito, neste texto, sobre a existência de alguns princípios da Educação Ambiental nas relações entre os presidiários. Estes princípios são os de cooperação, coletividade e solidariedade. Isso constitui o sonho dos presos e das presas, e contribuem para a vida destes sujeitos institucionalizados, (re) significando suas imagens e imaginações utópicas. Este trabalho, para mim, caracterizou-se ainda como não só mais uma pesquisa de mestrado. Teve um caráter de mudança e transformação da minha pessoa. Entrei em processo de metamorfose cada vez mais ao imergir no tema. Assim, tenho a intenção de explicitar este processo de libertação da minha alma, através da experiência vivida com as detentas da PERG, na atividade de pesquisa. Como referencial científico, o trabalho se debruça nas discussões sobre a Educação Ambiental, a Educação Estética e a Ecologia Onírica. Sobre a atividade de coleta de dados em si, posso dizer que esta fase foi marcada por dois momentos: um, antes da qualificação do projeto de pesquisa, em que fiz entrevistas-piloto com dois presos da PERG, a fim de obter dados iniciais sobre os sonhos dos presidiários; o outro momento evidenciou-se após a qualificação, quando a banca pediu-me para que me inserisse mais profundamente no presídio, dando ênfase assim a uma pesquisa de cunho qualitativo, baseada nos princípios da pesquisa-ação, onde o pesquisador tem um contato mais freqüente com os participantes da mesma. Assim, com o desafio lançado, fui até a PERG e, com a ajuda de algumas funcionárias, formei um grupo de presas, as quais estavam interessadas em discutir temas relacionados às suas vidas. Estes temas geradores das discussões em grupo foram escolhidos pelas próprias participantes da pesquisa, ou seja, não esquematizei nossos encontros a priori, mesmo tendo noção do que elas gostariam de trabalhar, já que nas entrevistas feitas com os presidiários, percebi que os sonhos dos presos são fundamentalmente a volta para casa, a convivência com os filhos e o trabalho justo, que traga recompensa pessoal e um salário capaz de sustentar a família. Enfim, com a realização deste trabalho, gostaria de sensibilizar as pessoas para um novo convívio social, no qual o preconceito e a exclusão sejam problematizados e as pessoas discriminadas sejam aceitas pela sociedade, entendendo-as como seres humanos, que têm sentimentos emoções e sonhos.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Educação ambientalSonhosPreso